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Primavera de Marta - Mensagem do dia 19.11.2021

Atualizado: 21 de nov. de 2021


No atual momento do cenário terrestre, ninguém haverá de ignorar que o sofrimento e a dor acicatam, de maneira impiedosa, milhões de vidas. Por toda parte se ouvem os clamores dos injustiçados, os perseguidos de muitas formas, as massas oprimidas por ditaduras cruéis, os esfaimados do pão material e quase todos, sem exceção, doentes da alma ou do corpo, ou ambos.


Desassistidos, perambulam pelas vias e artérias das grandes cidades, tentando ocultar as próprias dores. Alguns se deixaram avassalar pelo desânimo e frustrações intensas, já tendo desistido de viver. São cadáveres que ainda respiram no mesmo ambiente dos vivos.


Inúmeros outros ocultam, de maneira hábil, as próprias fragilidades, as escamoteando com artifícios no rosto ou no corpo, disfarçando a tristeza que os devora lentamente.


O certo é que ninguém se encontra blindado contra as ocorrências inditosas, desafiadoras, impostas pelo destino. E mesmo quando tombados de dor e sob a chuva de lágrimas, temos que continuar caminhando nas trilhas da vida, buscando um porto que não sabemos bem onde se localiza.


Grande bem fariam as religiões se estivessem regidas por uma filosofia otimista, centradas no autodescobrimento, ofertando respostas às incógnitas existenciais. Oxigenadas por uma fé lúcida e racional, seriam valiosas ferramentas nesse momento tão grave e delicado pelo qual atravessa a criatura humana.


Abordando de maneira científica a transcendência, facultaria aos peregrinos e fiéis a certeza inabalável de que berço e túmulo são simples portais de entrada e saída da argamassa celular, prosseguindo a existência além da campa fria.


Entretanto, desviadas pelo oportunismo de raposas da casuística e papagaios da retórica vazia, as suas tribunas e púlpitos estão cheias de discursos vazios, sem ressonância nas almas em superlativas aflições.


O doente reclama remédio, atendimento, e não discurso, interrogatório.


O vazio existencial tem desidratado muitas vidas.


Pais estão desorientados na educação de filhos e estes, mesmo convivendo debaixo do mesmo teto com seus genitores, se sentem órfãos de pais vivos.


O excesso de tecnologia esfriou as relações interpessoais, as formatando para o padrão das inumeráveis redes sociais, onde se amontoam os seguidores e escasseiam os amigos.


Pedro Bloch, o fecundo escritor ucraniano, teria ocasião de publicar uma pequena obra, rica de beleza e emoção, a que intitulou "pai, me compra um amigo?". O personagem Bebeto, o menino tímido e sem amigos, criado por uma governanta insensível e fria, é possuidor de muitas carências, retratando de uma forma lúdica os imensos vazios na alma de que somos todos portadores. Seus pais estavam sempre ausentes de sua vida, lhe impondo uma infância desamparada e pobre de afeto.


Muitos lares estão com suas geladeiras abarrotadas de comida, mas as relações entre seus habitantes jaz empobrecida de valores dignificantes. Não faltam os aparelhos e equipamentos que carreiam conforto, mas a inexistência de pontes de diálogo impõem muros e abismos que muitos se acovardam na sua travessia.


O homem terá que socorrer o próprio homem.


Nunca se praticou no cenário do mundo tanto sexo como nesses dias de permissividade, e jamais se constatou tamanho desencanto nas almas como nos dias correntes.


O cérebro jaz sufocado de colossal volume de conquistas científicas, mas o coração exibe debilidade de relacionamentos enriquecedores. Entre as mulheres, vigora a queixa contra a insensibilidade masculina. Nestes, permanece a revolta de não serem por elas compreendidos.


Cada um possui suas próprias razões. Falta o diálogo que poderia aproximar as duas ilhas psicológicas em divergência.


O maior terapeuta que já passou nos círculos materiais da Terra conhece bem o biótipo nela reencarnado. Jesus sabe em profundidade onde se ocultam nossos temores e quais as nascentes de nossa rebeldia. Nunca deixou de ofertar orientação e suporte para nos reerguer das próprias quedas. Apontou sempre o amor e a fraternidade como estradas por onde compartilharíamos as experiências da vida.


Nenhum sacrifício nos pediu. Rogou misericórdia.


Desceu aos palcos terrestres para nos ascender em evolução, e subiu aos céus outra vez no sacrifício em favor de todos.


Não sofres sozinho. Tua dor não é maior nem menor do que as do teu irmão. São algias diferentes e cada amargura tem a dimensão que o amargurado dá.


Toda lágrima tem uma razão porque cai dos olhos. Escasseiam mãos que as estanque.


Chamado pelo Cristo a servir, busca identificar em derredor de teus passos os que gemem e sofrem. Tanto quanto possas, diminui a aflição destes.


Articula uma palavra de esperança.


Oferta algum pedaço de pão ao faminto.


Ouve, sem enfado, o tolo e o demente, o sábio confundido e o inculto palavroso. São carentes de atenção.


Os atendendo de alguma maneira, verás que tuas dores são pequenas, comparadas com as de muitos que já morreram e prosseguem respirando.


Nessa estrada comum a todos, sê um poste, assegurando claridade aos caminhantes da madrugada da alma.


Jesus te será combustível nas províncias de teus sentimentos.


Perceberás que a vida tem sentido, mesmo entre dores e aflições várias, rumando airoso para o país da alegria sem jaça.


Marta

Salvador, 19.11.2021



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