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Primavera de Marta - Mensagem do dia 27.07.2022



Não é de hoje o estímulo ao esporte, à prática de atividades coletivas que impulsionem o ser a sair da vida sedentária.


Desde a velha Grécia, quando começaram os tradicionais jogos olímpicos até os tempos modernos, a cada quatro anos temos o maior evento esportivo do planeta, capaz de eletrizar bilhões de espectadores em torno da superação de recordes.


O homem mais veloz do mundo nos cem metros rasos.


O decatlo, disputadíssimo.


O remo, a natação, os jogos de quadra, o atletismo. A cobiça por medalhas, o surgimento de novos heróis olímpicos e homens e mulheres no limite das forças, buscando a perfeição do movimento.


Cá fora, longe das piscinas olímpicas e das raias das disputas várias, muita gente alquebrada por distúrbios que obstam a saúde.


Medo paralisante.

Ansiedade crescente e devastadora.

Depressões galopantes.


Transtornos alimentares e de conduta, desafiando a medicina e a psiquiatria.


Poderíamos afirmar, com segurança avassaladora, que o ser humano nunca foi integralmente saudável. Anomalias e teratologias sempre o acompanharam na trajetória do mundo, ora se refletindo em inarmonias físicas, ora em comportamentos incompatíveis com o equilíbrio, exteriorizando distúrbios de natureza emocional e psíquica.


Nunca se praticou tanto esporte como nos últimos 150 anos. Cooper, jogging, halterofilismo, caminhadas, etc., e justamente nesse período as inquietações se multiplicaram indefinidamente no seio da sociedade terrestre.


Nunca as preocupações com saúde e bem-estar foram tão gritantes como nos tempos atuais. Máquinas sofisticadas e quase que inteligentes reduziram drasticamente a atividade braçal e também intelectual, mas esse ócio tem cobrado um preço muito alto.


Atividades remotas on-line dominam o atual cenário do mercado de trabalho, mas por detrás de telas azuis uma legião de paralíticos do espírito, obesos da alma, deficientes morais. Contrariando a própria natureza do carro orgânico, impõe ao mesmo uma atitude de permanecer horas intermináveis num quarto ou escritório fechado, longe da luz solar e das aragens renovadoras.


O sibarita se apresenta nos comportamentos extravagantes e na indolência para qualquer iniciativa que não seja ganhar dinheiro. E como é natural, ante um veículo físico em passividade destruidora, sorrateiras enfermidades vão se instalando nas engrenagens sutis do campo emocional, irradiando-se para as peças orgânicas, que começam a exibir distúrbios ainda em plena mocidade. E em meio a uma sociedade enferma, movimenta-se a medicina e outras terapias no socorro ao indivíduo que perdeu o sentido existencial.


As drogarias nunca tiveram um acervo de agentes químicos tão grande para combater o desinteresse por viver. Os insones encontram cápsulas que induzem o sono necessário ao refazimento das células cansadas. Anestésico para a ansiedade devoradora, ansiolíticos e antidepressivos em cascata. Não obstante, ruge a fera do homem doente e da mulher enferma, da criança depauperada e do idoso cheio de achaques. Academias sofisticadas atraem multidões atrás de corpos apolíneos, modelados em equipamentos de última geração, mas nenhum bisturi ou equipamento do pilates pode invadir o ânimo do indivíduo assaltado pela desesperança e pela amargura.


Relacionamentos frágeis geram mutilados do sentimento. Decepções amorosas contínuas produzem inseguros na família e vidas vazias. Dinheiro abundante e colágeno podem produzir celebridades, mas internamente o ser está tomado de uma angustiante solidão.


Por fora, muitos selfies coloridos. Por dentro, uma persistente foto descolorida.


Risos externos e dentição invejável, obtida a alto custo. Na intimidade, as lágrimas ocultas, a caminhada solitária e o medo de fechar o ciclo de vida sem a realização íntima.


Ó, sociedade paradoxal!

Quantas conquistas passageiras!

Troféus na mesa e medalhas nas paredes.


Vultosos investimentos no mercado financeiro e quase nenhuma preocupação com carência de recursos, mas no íntimo uma realidade bem diferente.


E milhões de pessoas na luta titânica pela sobrevivência.


Os heróis do cotidiano que a mídia não enxerga e nem sempre as redes sociais dão destaque.


Eles também tem problemas, enfrentam dificuldades, buscam superação. Estão nas filas de postos de saúde, buscando... saúde.


Bolsos vazios, almas cheias de esperanças.


Dispensas sem quase nada, mas possuem solidariedade com o próximo.


Sorriem nas próprias tragédias e fazem humor com as suas misérias do cotidiano.

Também adoecem, vivem e morrem como todos os outros.


Em tua marcha, esteja ela assinalada pela robustez orgânica ou fragilidade do estojo de ossos, cuida da saúde física, mas não carimbe a saúde emocional com o selo da indiferença.


Recorda, antes de tudo, que és um inquilino do apartamento orgânico, com aviso certo de um dia desocupar o condomínio corporal, sob imperiosa ordem de despejo manejada pelo meirinho da morte.


Prioriza tua saúde íntima, a única que vai estar contigo onde estiveres e para onde fores.


Enquanto essa mudança definitiva de plano não chega, abandona esse leito de indiferença, ergue-te em espírito e movimenta teu corpo nos parques e nas praias, em jardins e áreas verdes, ofertando ao teu burrinho os ingredientes indispensáveis para manutenção da saúde possível, te permitindo atravessar as rudezas da estrada em clima de paz interior.


Incorpora ao teu existir momentos de oração e silêncio interior.


Exercita a euforia, a eutimia e a eurritmia. E quando alguma dúvida se interpuser entre teu atual modelo de vida e tua disposição de mudança, pergunta a ti mesmo:

- E se Jesus estivesse no meu lugar, que atitude adotaria?


Fazendo de conta que está no lugar D'Ele, decide.

Teu ontem, imodificável.

Teu amanhã, expectativas.

Teu hoje, tua melhor opção.

Pronto para caminhar?


Marta

Salvador, 27.07.2022


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